AS PRÓXIMAS 24 HORAS

AS PRÓXIMAS 24 HORAS


As próximas 24 horas vão ser de fundamental importância na sua vida... Esqueça o que você foi no passado. Isto não conta, porque estes momentos já foram vividos e estão na memória do tempo... Mesmo que você conheça suas outras encarnações, ou, tenha descoberto a pista para solucionar traumas infantis, esqueça o passado... Esqueça o futuro... Primeiro, porque Deus tem sua própria maneira de escrever nossos destinos, e não adianta tentar adivinhar o que passa em sua cabeça... Segundo, porque até o dia de amanhã você só tem 24 horas para viver... Tenha coragem de aproveitá-las, fazendo coisas que você sempre quis... É para isto que você está no mundo... É para isto que Deus lhe dá, todos os dias, as 24 horas mais importantes de sua vida

A coisa mais importante

A coisa mais importante
Certa vez, um rei muito amado por causa das suas virtudes espirituais e morais, sentindo envelhecer, achou por bem decidir qual dos três filhos herdaria o trono. Tarefa difícil, porque os três eram dignos de ocuparem o lugar do pai. A própria corte encontrava dificuldade em decidir sobre isto porque temia cometer uma injustiça na escolha. Os dias iam passando, até que certa manhã o rei chamou os filhos a sua presença e lhes disse com toda seriedade:
— Estou cada vez mais encanecido e sem forças para continuar reinando e desejo hoje determinar qual de vocês me sucederá. Para isso, vou submete-los a uma prova, cujo resultado há de ser julgado com eqüidade pela corte. Portanto, cada um saia agora levando consigo provisão para o dia, devendo retornar ainda hoje após descobrir a coisa que considere mais valiosa no reino. Aquele cuja descoberta for considerada maior e mais digna, receberá a coroa e reinará sobre os meus domínios.
Assim saíram os príncipes, a procura da coisa mais valiosa. O mais velho resolveu procurá-la na capital do reino, deduzindo que uma coisa valiosa e importante só poderia estar lá. O segundo deles, entretanto, dirigiu-se para os castelos vizinhos, pensando em seus amigos para ajudá-lo a fazer a descoberta. Enquanto isto o caçula deles, despreocupadamente, atravessou a cidade e se encaminhou para o campo, onde morava um garoto amigo, que há pouco tempo perdera o pai e agora enfrentava sozinho a dura peleja de lavrar a terra. Ninguém ali podia imaginar o que se passava na mente e no coração do jovem príncipe.
Foi um dia longo e trabalhoso para os três irmãos, que ao anoitecer regressaram ao palácio, trazendo o resultado de todo um dia de buscas. Diante do pai e da corte ali reunida, o mais velho apresentou um cofre de ouro cravejado de pedras preciosas, pertencente ao mais antigo agiota do reino. O segundo, em seguida, entregou um pedaço de renda finíssima; era a obra de uma princesa das imediações. Tudo ia sendo muito bem avaliado pelos ministros da corte, mas restava ouvir o príncipe caçula.
— O que foi que você encontrou, filho? - indagou o rei ao mais jovem.
— Nada. Absolutamente nada, respondeu o caçula.
— Realmente eu nem tive tempo para me ocupar nessa procura. Parei no campo do garoto órfão, que sozinho preparava a terra para a semeadura, e o ajudei no desempenho dessa tão árdua tarefa, porque sua mãe estava doente e a terra precisava estar revolvida para receber os grãos de cereais.
Duas lágrimas se desprenderam dos seus olhos e manchas escuras marcavam as suas mãos macias e que nunca antes experimentaram esse trabalho.
— Meu filho, você trouxe a coisa mais valiosa: as marcas de um trabalho digno e desinteressado. A minha coroa e o meu reino são seus. Receba-os!
AUTOR DESCONHECIDO

A crise dos 40

A crise dos 40
A constante renovação de quadros numa empresa é uma ameaça aos profissionais que entram na faixa dos 40. Para não perder o emprego, eles necessitam atualizar-se.
Esta é a regra de ouro para quem já entrou na faixa dos 40 e passou a se preocupar com o colesterol. A experiência e o conhecimento detalhado dos procedimentos internos de uma empresa já não são mais tão valorizados como até bem pouco tempo atrás, porque a dinâmica dos negócios se tornou frenética e em alguns casos quase selvagem.
Com a necessidade da maioria das empresas de ajustar seu quadro de funcionários e suas técnicas de produção, o resultado quase sempre é a busca de pessoal mais adaptado às novas necessidades e isso em geral afeta os que já estão empregados há mais tempo.
Se desemprego é difícil para um profissional com até 35 anos, para quem tem mais de 40 anos a demissão pode ser traumática, porque o recomeço vai implicar mudanças de comportamento, de atividade, de nível de renda e até de cidade. Para quem já começava a pensar em aposentaria, qualquer uma dessas mudanças pode soar como uma frustração irremediável.
A "crise dos 40", seja ela causada ou não pelo desemprego, "pode ser contornada sem maiores problemas desde que a pessoa admita a necessidade de mudar e de explorar novas áreas de atividade"
Para quem entrou na faixa de risco dos 40 anos, é muito importante verificar se o seu emprego pode ou não estar ameaçado por mudanças tecnológicas, como por exemplo: a informatização. Para descobrir isso é necessário buscar informações de publicações ou de conversas com amigos e consultores.
Se a ameaça existir, inicie imediatamente um programa de atualização de conhecimentos e revisão de condutas, para evitar ser apanhado se surpresa por um possível ajuste interno nos métodos de produção e gerenciamento.
A atualização pode ser alcançada através da leitura de jornais e revistas técnicas ou de negócios e livros sobre novos modelos de gestão. Isso permitirá que o profissional esteja informado sobre os grandes temas em debate no meio empresarial, o que pode, no mínimo, ajudá-lo a descobrir novas oportunidades.
Também é indispensável buscar um aperfeiçoamento profissional através de cursos informática, Internet e principalmente reciclagem profissional.
Saber usar um computador e conhecer as formas de obter a máxima eficiência pode marcar a diferença entre manter ou perder o cargo, em caso de remanejamento de pessoal. Além da capacidade e atualização, o profissional na faixa dos 40 deve reavaliar a sua conduta pessoal dentro da empresa. Normalmente uma pessoa que trabalha há muito tempo numa empresa tende a desenvolver um pessimismo crônico que pode chegar até amargura e desilusão.
Isso é fruto das inevitáveis frustrações que sempre acontecem num ambiente de trabalho. Um profissional amargurado e queixoso acaba sendo encarado por seus colegas e superiores como um "chato", o que conta pontos negativos se ocorrer a necessidade de demitir pessoal.
Evite ser arrogante, procure aprender com os colegas ou superiores mais jovens. Eles não têm a mesma experiência que os mais velhos adquiriram, mas podem das informações muito importantes sobre novos processos e técnicas de produção ou administração. Se você conseguir combinar experiência com atualização, qualquer superior pensará três vezes antes de mandá-lo embora.
Adote sempre uma atitude flexível, não seja radical, negocie novas posições na organização.

A flor amarela

A flor amarela
Esta é uma lenda sobre a flor amarela num jardim. Ela floresce uma vez só por ano então murcha e cai.
Quando um visitante entrou no jardim, ouviu reclamações de todos os lados. A mangueira manifestou então sua intenção de ser uma palmeira.
-— Por que?
—- Perguntou o visitante.
—- Porque a árvore toda é útil - o fruto, as folhas, os galhos e até o tronco, enquanto em mim, mangueira somente o meu fruto é de utilidade. A palmeira invejava a mangueira por ter seus frutos exportados.
Todas as plantas tinham inveja umas das outras. O visitante escutou todas as reclamações, até que avistou a pequena flor amarela.
— Por que você não está reclamando como as outras plantas?
— A flor então respondeu: Eu costumava a olhar para o coqueiro e invejava suas folhas ao vento. Tinha o desejo de produzir frutos suculentos como as mangas. Então pensei; se Deus quisesse que eu fosse como a mangueira e a palmeira, ele teria me criado igual a elas. Mas sabe Deus me fez: uma flor amarela?
Porque ele queria que eu realmente fosse uma flor. Então o que eu posso fazer é ser a melhor flor amarela de todas.
AUTOR DESCONHECIDO

A lição do rio

A lição do rio
E o RIO corre sozinho.
Vai seguindo seu caminho.
Não necessita ser empurrado.
Pára um pouquinho no remanso.
Apressa-se nas cachoeiras.
Desliza de mansinho nas baixadas.
Precipita-se nas cascatas.
Mas, no meio de tudo isso vai seguindo seu caminho.
Sabe que há um ponto de chegada.
Sabe que seu destino é para frente.
O rio não sabe recuar.
Seu caminho é seguir em frente.
É vitorioso, abraçando outros rios, vai chegando no mar.
O mar é sua realização.
É chegar ao ponto final.
É ter feito a caminhada.
É ter realizado totalmente seu destino.
A vida da gente deve ser levada do jeito do rio.
Deixar que corra como deve correr.
Sem apressar e sem represar.
Sem ter medo da calmaria e sem evitar as cachoeiras.
Correr do jeito do rio, na liberdade do leito da vida, sabendo que há um ponto de chegada.
A vida é como o rio.
Por que apressar?
Por que correr se não há necessidade?
Por que empurrar a vida?
Por que chegar antes de se partir?
Toda natureza não tem pressa.
Vai seguindo seu caminho.
Assim é a árvore, assim são os animais.
Tudo o que é apressado perde o gosto e o sentido.
A fruta forçada a amadurecer antes do tempo perde o gosto.
Tudo tem seu ritmo.
Tudo tem seu tempo.
E então,por que apressar a vida da gente?
Desejo ser um rio. Livre dos empurrões dos outros e dos meus próprios.
Livre das poluições alheias e das minhas.
Rio original, limpo e livre.
Rio que escolheu seu próprio caminho.
Rio que sabe que tem um ponto de chegada.
Sabe que o tempo não interessa.
Não interessa ter nascido a mil ou a um quilômetro do mar.
Importante é chegar ao mar.
Importante é dizer "cheguei".
E porque cheguei, estou realizado.
A gente deveria dizer: não apresse o rio, ele anda sozinho.
Assim deve-se dizer a si mesmo e aos outros: não apresse a vida, ela anda sozinha.
Deixe-a seguir seu caminho normal.
Interessa saber que há um ponto de chegada e saber que se vai chegar lá.
É bom viver do jeito do rio!
"Se não houver frutos, valeu a beleza das flores;
se não houver flores, valeu a sombra das folhas;
se não houver folhas, valeu a intenção da semente."
HENFIL

A onça

A onça
Ao voltar de um exaustivo dia de caça, trazendo segura nos dentes uma pequena corça, a onça encontrou sua toca vazia. Imaginando que os filhotes estivessem nas imediações, pôs-se a procurá-los com diligência. Olhou e examinou cada canto, sem encontrá-los. Preocupada com a demora que se tornava séria, desesperou-se e tomada de pânico esgoelou-se em urro que encheram de espanto toda a floresta.
Uma anta decidiu indagar a respeito da ocorrência. Chegando junto da toca, viu a onça desatinada e então, jeitosamente, procurou saber dela sobre o que estava acontecendo.
Devoraram-me os filhotes! - gemeu a onça.
— Infames caçadores cometeram friamente o maior de todos os crimes: mataram os meus filhos...
A anta conciliadora, porém franca, não deixou que a oportunidade se passasse sem que ela dissesse à onça certas verdades que embora dolorosas, careciam ser ouvidas por ela naquele momento. Então lhe falou:
— Mas senhora onça, se analisar bem o fato, há de convir que suas acusações não procedem. Perdoe-me a franqueza, nessa hora de desespero. Respeito a sua dor, mas devo dizer-lhe que fizeram uma vez aquilo que a senhora pratica todos os dias. Não pode negar que vive sempre a comer os filhotes dos outros, não é verdade? Ainda agora acabou de abater uma pequena corsa.
Tomada de indignação, a onça regalou os olhos como que espantada pela coragem e atrevimento da anta, falando com um ódio mortal:
— Oh, estúpida criatura! É isso que você tem a dizer para consolar o meu coração ferido pela dor? Com que direito você se atreve em comparar os meus filhos com os filhotes dos outros? E como pode comparar o meu sofrimento e desolação ao dos demais? É preciso considerar primeiro a minha posição, em relação à dos outros animais, para depois pesar a situação.
Foi nesse momento que um velho macaco, bem do alto do seu galho assistia ao diálogo, falou como quem está revestido de autoridade:
— Amiga onça, é sempre assim: A dor alheia só atinge aos sensíveis, mas jamais ao egoísta...
PAULO BARBOSA

A ponte e a pinguela

A ponte e a pinguela
Existe gente que ao invés de tentar melhorar aquilo que faz, procura sempre destruir o que os outros estão tenteando fazer. A história seguinte é baseada num conto de Silvio Paulo Albino:
Certo homem, depois de muitos anos de trabalho e meditação sobre a melhor maneira de atravessar o rio diante a sua casa, construiu uma pinguela sobre ele. Acontece que os habitantes da aldeia raramente ousavam atravessa-la, por causa da sua precariedade.
Um belo dia apareceu por ali um engenheiro, junto com os habitantes, construíram uma ponte, o que deixou enfurecido o construtor da pinguela. A partir daí, ele começou a dizer, para quem quisesse ouvir, que o engenheiro tinha desrespeitado o seu trabalho.
— Mas a pinguela ainda esta lá! - respondiam os habitantes. É um monumento aos seus anos de esforços e meditação.
— Ninguém a usa - o homem, nervoso, insistia.
— O senhor é um cidadão respeitado e nós gostamos do senhor. Acontece que, se as pessoas acham a ponte mais bela e mais útil que a pinguela, o que podemos fazer?
— Ela esta cruzando o meu rio!
— Mas senhor, apesar de todo o respeito que temos pelo seu trabalho, queríamos dizer que o rio não é seu. Ele pode ser atravessado a pé, por barco, a nado, de qualquer maneira que desejarmos; se as pessoas preferem cruzar a ponte, porque não respeitar o desejo delas? Finalmente, como podemos confiar em alguém que, ao invés de tentar melhorar a sua pinguela, passa o tempo todo criticando a ponte?
Existe gente que, ao invés de tentar melhorar aquilo que faz, procura sempre destruir o que os outros estão tenteando fazer.
BASEADO NUM CONTO DE SILVIO PAULO

Aprendendo a viver

Aprendendo a viver
Aprendi que peixinhos dourados não gostam de gelatina (aos 5 anos);
Aprendi que meu pai pode dizer um monte de palavras que eu não posso (8 anos);
Aprendia que minha professora sempre me chama quando eu não sei a resposta (9 anos);
Aprendi que se pode estar apaixonado por 4 garotas ao mesmo tempo (10 anos);
Aprendi que os meus melhores amigos são os que sempre me metem em confusão (11 anos);
Aprendi que se tenho problemas na escola, tenho mais ainda em casa (12 anos);
Aprendi que quando meu quarto fica do jeito que quero minha mãe manda eu arrumá-lo (13 anos);
Aprendi que não se deve descarregar suas frustrações no seu irmão menor, porque seu pai tem frustrações maiores e mão mais pesada (15 anos);
Aprendi que os grandes problemas sempre começam pequenos (20 anos);
Aprendi que nunca devo elogiar a comida da minha mãe quando estou comendo alguma coisa que minha mulher preparou (25 anos);
Aprendi que se pode fazer num instante algo que vai lhe dar dor de cabeça a vida toda (28 anos);
Aprendi que quando minha mulher e eu temos, finalmente, uma noite sem as crianças, passamos a maior parte do tempo falando sobre elas (29 anos);
Aprendi que é mais fácil fazer amigo do que se livrar dele (30 anos);
Aprendi que mulheres gostam de ganhar flores especialmente sem nenhum motivo (33 anos);
Aprendi que toda a vez que estou viajando gostaria de estar em casa e toda vez que estou em casa gostaria de estar viajando (39 anos);
Aprendi que nunca se conhece bem os amigos até que se tire férias com eles (41 anos);
Aprendi que se você está levando uma vida sem fracassos, você não está correndo riscos o suficiente (42 anos);
Aprendi que casar por dinheiro é a maneira mais difícil de conseguí-lo (43 anos);
Aprendi que se pode fazer alguém ganhar o dia simplesmente mandando-lhe um pequeno cartão (44 anos);
Aprendi que crianças e avós são aliados naturais (47 anos);
Aprendi que se você cuidar bem de seus empregados eles cuidarão bem de seus clientes (49 anos);
Aprendi que quando chego atrasado ao trabalho, meu patrão chega cedo (51 anos);
Aprendi que o objeto mais importante do escritório é a lata de lixo (54 anos);
Aprendi que não posso mudar o que passou, mas posso deixar pra lá (64 anos);
Aprendi que a maioria das coisas com que me preocupei nunca acontecem (65 anos);
Aprendi que todas as pessoas que dizem que: dinheiro não é tudo - geralmente tem muito (67 anos);
Aprendi que se você espera para se aposentar para começar a viver esperou tempo demais (68 anos);
Aprendi que nunca você deve ir para cama sem resolver uma briga (71 anos);
Aprendi que quando as coisas vão mal, eu não tenho que ir com elas (72 anos);
Aprendi que envelhecer é importante se você é um queijo (76 anos);
Aprendi que amei menos do que deveria (91 anos);
Aprendi que tenho muito a aprender (92 anos)
AUTOR DESCONHECIDO

As caixas de Deus

As caixas de Deus
Tenho em minhas mãos duas caixas que Deus me deu para guardar. Ele disse:
"Coloque todas as suas tristezas na preta, e todas as suas alegrias na dourada".
Eu atendi Suas palavras, e nas duas caixas, tanto minhas alegrias quanto minhas tristezas guardei. Mas, embora a dourada ficasse cada dia mais pesada.
A preta era tão leve quanto antes. Curioso, abri a preta e queria descobrir porque e vi, na base da caixa, um buraco pelo qual minhas tristezas saiam.
Mostrei o buraco a Deus, e pensei alto: "Gostaria de saber onde minhas tristezas podem estar "Ele sorriu gentilmente para mim".
"Meu filho, elas estão aqui comigo".
Perguntei: "Deus, porque dar-me as caixas,
Porque a dourada, e a preta com o buraco?
"Meu filho, a dourada é para você contar suas bênçãos, a preta é para você deixar ir embora. Deveríamos considerar nossos amigos uma bênção".
Envie essa mensagem para seus amigos hoje, só para lembra-los que você está pensando neles e que eles são a alegria de sua vida. Uma bola é um circulo, sem começo e sem fim. Ela nos mantêm juntos como nosso circulo de amigos Mas o tesouro interno é o tesouro da amizade, que você me garante. Hoje eu passo a bola da amizade para você. Passe-a para alguém que seja seu amigo.
AUTOR DESCONHECIDO

As duas vizinhas

As duas vizinhas
Havia duas vizinhas que vivam em pé de guerra. Não podiam se encontrar na rua que era briga na certa.
Depois de um tempo, dona Maria descobriu o verdadeiro valor da amizade e resolveu que iria fazer as pazes com dona Clotilde. Ao se encontrarem na rua, muito humildemente, disse dona Maria:
— Minha querida Clotilde, já estamos nessa desavença há anos e sem nenhum motivo aparente. Estou propondo para você que façamos as pazes e vivamos como duas boas e velhas amigas.
Dona Clotilde, na hora estranhou a atitude da velha rival, e disse que iria pensar no caso. Pelo caminho foi matutando:
— Essa dona Maria não me engana, está querendo me aprontar alguma coisa e eu não vou deixar barato.
Vou mandar-lhe um presente para ver sua reação.
Chegando em casa, preparou uma bela cesta de presentes, cobrindo-a com um lindo papel, mas encheu-a de esterco de vaca. "Eu adoraria ver a cara da dona Maria ao receber esse 'maravilhoso' presente. Vamos ver se ela vai gostar dessa". Mandou a empregada levar o presente a casa da rival, com um bilhete: "Aceito sua proposta de paz e para selarmos nosso compromisso, envio-te esse lindo presente".
Dona Maria estranhou o presente, mas não se exaltou. Que ela está propondo com isso? Não estamos fazendo as pazes? Bem, deixa pra lá. Alguns dias depois dona Clotilde atende a porta e recebe uma linda cesta de presentes coberta com um belo papel.
— É a vingança daquela asquerosa da Maria. Que será que ela me aprontou!
Qual não foi sua surpresa ao abrir a cesta e ver um lindo arranjo das mais belas flores que podiam existir num jardim, e um cartão com a seguinte mensagem: "Estas flores é o que te ofereço em prova da minha amizade. Foram cultivadas com o esterco que você me enviou e que proporcionou excelente adubo para meu jardim. AFINAL, CADA UM DÁ O QUE TEM EM ABUNDÂNCIA EM SUA VIDA".
AUTOR DESCONHECIDO

Amor e Sexo

Amor e Sexo
Amor é propriedade. Sexo é posse. Amor é a lei; sexo é invasão.
O amor é uma construção do desejo. Sexo não depende de nosso desejo; nosso desejo é que é tomado por ele. Ninguém se masturba por amor. Ninguém sofre com tesão. Amor e sexo são como a palavra farmakon em grego: remédio ou veneno - depende da quantidade ingerida.
O sexo vem antes. O amor vem depois. No amor, perdemos a cabeça, deliberadamente. No sexo, a cabeça nos perde. O amor precisa do pensamento. No sexo, o pensamento atrapalha.
O amor sonha com uma grande redenção. O sexo sonha com proibições; não há fantasias permitidas. O amor é o desejo de atingir a plenitude. Sexo é a vontade de se satisfazer com a finitude. O amor vive da impossibilidade - nunca é totalmente satisfatório. O sexo pode ser, dependendo da posição adotada. O amor pode atrapalhar o sexo. Já o contrário não acontece. Existe amor com sexo, claro, mas nunca gozam juntos.
O amor é mais narcisista, mesmo na entrega, na doação. Sexo é mais democrático, mesmo vivendo do egoísmo. Amor é um texto. Sexo é um esporte. Amor não exige a presença do outro. O sexo, mesmo solitário, precisa de uma mãozinha. Certos amores nem precisam de parceiro; florescem até na maior solidão e na saudade. Sexo, não - é mais realista. Nesse sentido, amor é uma busca de ilusão. Sexo é uma bruta vontade de verdade. O amor vem de dentro, o sexo vem de fora. O amor vem de nós. O sexo vem dos outros. 'O sexo é uma selva de epilépticos' (N. Rodrigues). O amor inventou a alma, a moral. O sexo inventou a
moral também, mas do lado de fora de sua jaula, onde ele ruge.
O amor tem algo de ridículo, de patético, principalmente nas grandes paixões. O sexo é mais quieto, como um caubói - quando acaba a valentia, ele vem e come. Eles dizem: 'Faça amor, não faça a guerra'.
Sexo quer guerra. O ódio mata o amor, mas o ódio pode acender o sexo.
Amor é egoísta; sexo é altruísta. O amor quer superar a morte.
No sexo, a morte está ali, nas bocas. O amor fala muito. O sexo grita, geme, ruge, mas não se explica.
O sexo sempre existiu - das cavernas do paraíso até as “saunas relax for men”. Por outro lado, o amor foi inventado pelos poetas provençais do século XII e, depois, relançado pelo cinema americano da moral cristã.
Amor é literatura. Sexo é cinema. Amor é prosa; sexo é poesia. Amor é mulher; sexo é homem - o casamento perfeito é do travesti consigo mesmo.
O amor domado protege a produção; sexo selvagem é uma ameaça ao bom funcionamento do mercado. Por isso, a única maneira de controlá-lo programá-lo, como faz a indústria da sacanagem. O mercado programa nossas fantasias.
Não há “saunas relax” para o amor, onde o sujeito entre e se apaixone. No entanto, em todo bordel, finge-se um 'amorzinho' para iniciar. O amor virou um estímulo para o sexo.
O problema do amor é que dura muito, já o sexo dura pouco. Amor busca uma certa grandeza. O sexo é mais embaixo. O perigo do sexo é que você pode se apaixonar. O perigo do amor é virar amizade. Com camisinha, há sexo seguro, mas não há camisinha para o amor.
O amor sonha com a pureza. Sexo precisa do pecado. Amor é a lei. Sexo a transgressão. Amor é o sonho dos solteiros. Sexo, o sonho dos casados.
Amor precisa do medo, do desassossego. Sexo precisa da novidade, da surpresa. O grande amor só se sente na perda. O grande sexo sente-se na tomada de poder. Amor é de direita. Sexo, de esquerda - ou não, dependendo do momento político. Atualmente, sexo é de direita. Nos anos 60, era o contrário. Sexo era revolucionário e o amor era careta.

Arnaldo Jabor

Amor vem antes e sexo vem depois, ou não

Amor vem antes e sexo vem depois, ou não
Quando contei, na semana passada, que a Rita Lee tinha feito uma música com letra de um artigo que escrevi sobre "amor e sexo", choveram e-mails pedindo o texto. Fiquei feliz com a música (que é linda) e porque me senti coadjuvante dessa luz que ela acendeu na cultura brasileira. Rita é um caso sério. Ela brilha, purpurina, avermelha, cintila, se traveste, cresce e diminui, incha e emagrece mas, no fundo, ela é um caso sério. Ela faz essa visagem toda para nos fazer engolir uma dourada pílula: sua importância cultural e política no País. Rita tirou São Paulo da caretice, foi a guerreira da alegria durante a ditadura pois, em 68, ela estava de noiva, florida, com caras e bocas, mutante, provando que, marchassem ou não os soldados, sua metamorfose continuaria e que sua alegria, alegria, era mesmo a prova dos noves.
Rita não é só para ser ouvida; seus shows são um comício. A liberdade fica ali na cena, de back vocal, enquanto a Pátria, de botas e cabelo punk, dança rock, seguindo-a pelo palco como um Pluft. Eu não entendo de música, mas vejo a Rita aprontando há 30 anos, menina teimosa, sozinha, atacando o óbvio. Mas, seu protesto nunca foi chato, sua superficialidade é profunda.
Como Rita é original... ninguém é como ela no Brasil... Me lembro quando ela criou uma marca no braço, sei lá, "ritalee", como um Chevrolet, Shell, pois ela sabe que não somos um "sujeito único", muito antes dessas pós-modernidades aí. Ela é uma pré-Björk. Ela nunca cantou de um só ponto de vista, porque Rita são várias; no palco, ela parece um conjunto.
Rita é a "mina" das "minas" de Sampa, frágil e corajosa, do balacobaco. Por isso, orgulhoso, atendendo aos e-mails que pedem explicação sobre esses estranhos tremores, gemidos e espumas que chamamos de amor-sexo, "copidesquei" o antigo texto e o republico, com petulante jeito de quem sabe das respostas - ai de mim, pobre pierrô fingindo de arlequim!...
Aí vai o flash-back:
"Amor é propriedade. Sexo é posse. Amor é a lei; sexo é invasão.
O amor é uma construção do desejo. Sexo não depende de nosso desejo; nosso desejo é que é tomado por ele. Ninguém se masturba por amor. Ninguém sofre com tesão.
Amor e sexo são como a palavra farmakon em grego: remédio ou veneno - depende da quantidade ingerida.
O sexo vem antes. O amor vem depois. No amor, perdemos a cabeça, deliberadamente. No sexo, a cabeça nos perde. O amor precisa do pensamento.
No sexo, o pensamento atrapalha.
O amor sonha com uma grande redenção. O sexo sonha com proibições; não há fantasias permitidas. O amor é o desejo de atingir a plenitude. Sexo é a vontade de se satisfazer com a finitude.
O amor vive da impossibilidade - nunca é totalmente satisfatório. O seexo pode ser, dependendo da posição adotada. O amor pode atrapalhar o sexo. Já o contrário não acontece. Existe amor com sexo, claro, mas nunca gozam juntos.
O amor é mais narcisista, mesmo na entrega, na 'doação'. Sexo é mais democrático, mesmo vivendo do egoísmo.
Amor é um texto. Sexo é um esporte. Amor não exige a presença do 'outro'. O sexo, mesmo solitário, precisa de uma 'mãozinha'. Certos amores nem precisam de parceiro; florescem até na maior solidão e na saudade. Sexo, não - é mais realista. Nesse sentido, amor é uma busca de ilusão. Sexo é uma bruta vontade de verdade. O amor vem de dentro, o sexo vem de fora. O amor vem de nós. O sexo vem dos outros. 'O sexo é uma selva de epilépticos' (N. Rodrigues). O amor inventou a alma, a moral. O sexo inventou a moral também, mas do lado de fora de sua jaula, onde ele ruge.
O amor tem algo de ridículo, de patético, principalmente nas grandes paixões. O sexo é mais quieto, como um cowboy - quando acaba a valentia, ele vem e come. Eles dizem: 'Faça amor, não faça a guerra.' Sexo quer guerra. O ódio mata o amor, mas o ódio pode acender o sexo. Amor é egoísta; sexo é altruísta. O amor quer superar a morte. No sexo, a morte está ali, nas bocas. O amor fala muito. O sexo grita, geme, ruge, mas não se explica.
O sexo sempre existiu - das cavernas do paraíso até as 'saunas relax for men'. Por outro lado, o amor foi inventado pelos poetas provençais do século 12 e, depois, relançado pelo cinema americano da moral cristã. Amor é literatura. Sexo é cinema. Amor é prosa; sexo é poesia. Amor é mulher; sexo é homem - o casamento perfeito é do travesti consigo mesmo. O amor domado protege a produção; sexo selvagem é uma ameaça ao bom funcionamento do mercado. Por isso, a única maneira controlá-lo é programá-lo, como faz a indústria da sacanagem. O mercado programa nossas fantasias.
Não há 'saunas relax' para o amor, onde o sujeito entre e se apaixone. No entanto, em todo bordel, finge-se um 'amorzinho' para iniciar. O amor virou um estímulo para o sexo.
O problema do amor é que dura muito, já o sexo dura pouco. Amor busca uma certa 'grandeza'. O sexo é mais embaixo. O perigo do sexo é que você pode se apaixonar. O perigo do amor é virar amizade. Com camisinha, há 'sexo seguro', mas não há camisinha para o amor.
O amor sonha com a pureza. Sexo precisa do pecado. Amor é a lei. Sexo é a transgressão. Amor é o sonho dos solteiros. Sexo é o sonho dos casados. Amor precisa do medo, do desassossego. Sexo precisa da novidade, da surpresa. O grande amor só se sente na perda. O grande sexo sente-se na tomada de poder.
Amor é de direita. Sexo, de esquerda - ou não, dependendo do momento político. Atualmente, sexo é de direita. Nos anos 60, era o contrário. Sexo era revolucionário e o amor era careta."
E, por aí, vamos. Sexo e amor tentam mesmo é nos fazer esquecer a morte. Ou não; sei lá... E-mails de quem souber para a redação.

Bola de cristal

Bola de cristal
Em geral, a bola de cristal é para ver o futuro. Mas nestas questões do adultério entre a coisa pública e privada, Sudam, Sudene, briga de ACM e Barbalho o desejo dos envolvidos é apagar o passado.

As frases de defesa são sempre as mesmas: meu passado ilibado... eu nunca... jamais fiz... é como se não tivesse havido passado. Ninguém estava lá... eu não era eu...

Desde as capitanias hereditárias, desde o império, dinheiro público e empresário privado deu em assalto ao povo e ao país.

Agora, ver o futuro é muito difícil. Mesmo com bola de cristal, quem poderia prever que Jáder Barbalho, aquele humilde vereador de esquerda, seria tão poderoso e rico no futuro? Quem poderia prever que ele seria presidente do Senado? Quem poderia prever que no século XXI o Brasil estaria paralisado por antigas questões como essa? Nosso presente tem sido um passado que não acaba nunca.

Amor, sexo e um outro sentimento

Amor, sexo e um outro sentimento
Arnaldo Jabor

Muita gente me pergunta: "Por que Amor É Prosa e Sexo É Poesia é o nome do teu livro? Eu penso, penso, e respondo: "Sei lá..." Eu já passei por caminhos de amor e sexo, mas não sei a resposta; tudo fica difuso quando tento me lembrar dos grandes momentos de êxtase. O prazer se esvai na memória. Já amei mulheres só depois que as perdi. Já odiei ser amado, já amei por narcisismo. Quantos "amam" para humilhar o outro com seu "imenso" amor? Quantos "amam" por egoísmo?
Sexo também. Nos anos 70, havia um sexo experimental no ar que almejava o "desregramento de todos os sentidos", como se isso nos levasse a um nível mais alto de consciência. A transgressão era mais excitante que o prazer. Esse excesso de liberdade pode ser uma repressão ao avesso - o que o Marcuse chamou de "dessublimação repressiva", uma sexualidade tão livre que morre no deserto.
O que faz o amor tão inquietante é o medo da rejeição, da perda do objeto ou, mais simplesmente, da dor-de-corno. Eu já sofri monumentais dores-de-corno e elas me ensinaram muito. Acho mesmo que o homem só vira homem quando recebe chifres didáticos. Só aí o macho onipotente conhece o desespero da condição humana. A dor de corno é física, é uma experiência de morte. A mulher te diz: "Vou embora com fulano porque não te amo mais!" Aí, você morre. E a pessoa perdida passa a ter um halo divino. Eu já escalei muro com cacos de vidro para ver a janela acesa de uma amada, eu já rolei no meio-fio por causa de mulher. Se o amor te preenche de sentido, a dor-de-corno te feminiza, te exclui do universo, você fica ridículo, pois o corno não inspira compaixão, apenas um deboche dissimulado. Por isso, vou narrar um caso que nunca contei para ninguém.
Uma vez, há mais de 30 anos, fui largado por uma mulher, assim... de repente. Ela entrou em casa de madrugada e declarou: "Vou embora com fulano amanhã de manhã." E desmaiou num sono profundo e desesperado. E eu fiquei sentado, ouvindo o pêndulo do relógio até o dia clarear na janela, como uma ferida se abrindo. Nada pior do que sofrer de manhã. É mais terrível a solidão com o sol na cara, na rua, as pessoas trabalhando, rindo e você como um zumbi na cidade irreconhecível. Copacabana virou um pesadelo nos dias seguintes. Eu andava como o chamado "farrapo humano" pelo Posto 6. Tinha vontade de cortar a cabeça para parar de pensar nela. Tudo era ela.
Uma noite (de noite, a solidão dói menos...), entrei bêbado num botequim ali do Posto 6, perto da galeria Alaska. O corno bêbado tem dois estados básicos: ou está caído no meio-fio chorando lágrimas de esguicho ou tem desajeitados arrancos de ousadia, com esperança de parar de sofrer. Entrei no boteco a fim de aprontar alguma coisa, um ato, um fato que me fizesse entrar de volta na vida normal. "Me dá um limãozinho aí" - ordenei com pastosa determinação. O paraíba botou a cachaça. Olhei para o lado, feroz, ostentando macheza e vi duas prostitutas perto do balcão, tomando média com bolo. Uma delas branquinha e fraca e a outra preta, preta mesmo, zulu, gorda e colorida pela luz de néon que brilhava em seus braços negros. Chamei a preta, ostentando confiança: "Vamos até lá em casa, etc. e tal?" A preta me olhou, pegou a bolsa e saiu rebolando na frente. Meu desejo era a conspurcação, uma forma invertida de purificar-me, prática que muita gente conhece. Atravessamos a rua molhada, até o prédio onde eu morava. Ela, calma; eu, trôpego, tentando a linha reta. Ela chamava-se Aurea - nunca esqueci esse nome luminoso. Aurea subiu no elevador me examinando, a mim, cambaleando e babujando as habituais bobagens de freguês. Ela, quieta, me olhando. Entramos em casa e eu desabei numa poltrona, enquanto Aurea olhava a casa em silêncio. Olhou em volta a bagunça dramática. Viu roupas de mulher jogadas numa poltrona (eu dormira agarrado numa saia) e perguntou onde estava minha esposa. Pronto; foi a senha para uma longa queixa de dores, uma confissão de meus infortúnios. Não sei porquê, talvez por me ver diante de uma experiente mulher "da vida", desfiei todos os meus segredos, minhas dores mais vergonhosas, minhas lágrimas mais íntimas, para Aurea, que me olhava com um sorriso receptivo, seios francos, quadris e coxas negras, me ouvindo, me ouvindo. Estava ali uma profissional pobre, vida dura, sofrida, atenta àquelas queixas burguesas que eu derramava. Seu rosto não era nem de desprezo nem de falsa simpatia. Depois de ouvir meu papo longo (corno adora reclamar), ela começou a me dizer frases simples, óbvias, mas com uma doçura e compaixão que eu nunca vira antes: "Mulher não presta, não liga não, o tempo resolve tudo, você é moço..." Depois, Aurea se levantou e disse que eu precisava me organizar, não ficar fraco. Lembro-me que ela disse: "O corpo cai, mas a alma tem de ficar de pé..." - algo assim. Olhou em volta e comentou: "Este teu apê está uma zona, hein?" Em seguida, foi até a cozinha, onde pegou os pratos sujos, empilhados, pedaços de pizza no chão, panelas gordurosas e, com a destreza linda das mulheres pobres, botou tudo brilhando em 15 minutos. Arrumou tudo nas prateleiras, foi até minha cama de corneado e ajeitou lençóis e colchas, dobrou minhas roupas, ajeitou travesseiros.
Eu olhava tudo, tonto, e caí na cama. Aurea ajeitou mais coisas, se deitou ao meu lado e me botou entre seus seios de mucama, ama-de-leite passando a mão em meus cabelos e repetindo que "mulher não vale uma lágrima". E foi assim que ela me fez amor, a mim, passivo e soluçante. Depois, Aurea se levantou e foi embora. Não aceitou o dinheiro que eu tentei lhe dar. E sumiu, escura, na noite negra.
No dia seguinte, Copacabana estava mais real, menos selvagem. Aquilo foi michê, foi amor, foi sexo? Não sei - era uma terceira coisa. Nunca fui tão bem cuidado por uma amante. Até hoje, quando me sinto vazio, lembro-me daquela noite em Copacabana e de Aurea, a negra babá de minha dor-de-corno.

Amores Mal Resolvidos...

Amores Mal Resolvidos...

Olhe para um lugar onde tenha muita gente, uma praia num domingo de 40º, uma estação de metrô, a rua principal do centro da cidade, metade deste povaréu sofre de Dor de Cotovelo. Alguns trazem dores recentes, outros trazem uma dor de estimação, mas o certo é que grande parte esses rostos anônimos tem um Amor Mal Resolvido, uma paixão que não se evaporou completamente, mesmo que já estejam em outra relação. Por que isso acontece ??? Tenho uma teoria, ainda que eu seja tudo, menos teórico no assunto, acho que as pessoas não gastam seu amor, isso mesmo, os amores que ficam nos assombrando não foram amores consumidos até o fim. Você sabe, o amor acaba, é mentira dizer que não, uns acabam cedo, outros levam 10 ou 20 anos para terminar, talvez até mais, mas um dia acaba e se transforma em outra coisa como embrança, amizade, parceira, parentesco e essa transição não é dolorida se o amor for devorado até o fim. Dor de Cotovelo é quando o amor é interrompido antes que se esgote, o amor tem que ser vivenciado, platonismo funciona em novela, mas na vida real  demanda muita energia, sem falar do tempo que ninguém tem para esperar. E tem que ser vivido em sua totalidade, é preciso passar por todas etapas : atração, paixão, amor, convivência, amizade, tédio e fim. Como já foi dito, este trajeto do amor pode ser percorrido em algumas semanas ou durar muitos anos, mas é importante que transcorra de ponta a ponta, senão sobra lugar para fantasias, idealizações, enfim, tudo aquilo que nos empaca a vida e nos impede de estarmos abertos para novos amores. Se o amor foi interrompido sem ter atingido o fundo do pote, ficamos imaginando as múltiplas possibilidades de continuidade, tudo o que a gente poderia ter dito e não disse, feito e não fez.  Gaste seu amor, usufrua-o até o fim, enfrente os bons e maus momentos, passe por tudo que tiver que passar, não se economize, sinta todos os sabores que o amor tem, desde o adocicado do início até o amargo do fim, mas não saia da história na metade. Amores precisam dar a volta ao redor de si mesmo, fechando o próprio ciclo,
isso é que libera a gente para Ser Feliz Novamente. 
(Arnaldo Jabor)

Antes de 64, vivíamos a delícia da ilusão política

Antes de 64, vivíamos a delícia da ilusão política
Meu primeiro grande amor começou num "aparelho" do Partido Comunista Brasileiro em 1963, meses antes do golpe militar. Era um pequeno apartamento conjugado na Rua Djalma Ulrich em Copacabana, em cima de uma loja de discos que até hoje existe. No apartamento, havia um sofá-cama com a paina aparecendo por um buraco da mola, entre manchas indistintas - marcas de amor ou de revolução? Na parede, havia um cartaz dos girassóis de Van Gogh e, numa tábua sobre tijolos, uns livros da Academia de Ciências da URSS. Um companheiro me emprestara a chave com olhar preocupado, sabendo que era para o amor e não para a política. "Cuidado, hein, se o dirigente da 'base' souber, vou ser criticado...", disse-me, vendo a gratidão em meus olhos.
Eu era virgem de sexo com namoradas, pois pouquíssimas moças "davam", na época anterior à pílula; transar para elas era ainda um ato de coragem política. As moças iam para a cama pálidas de emoção, para romper com a "vida burguesa", mas correndo o risco da gravidez - supremo pavor. Nossas cantadas tinham uma base ideológica; famintos de amor, usávamos Marx para convencer as meninas.
"Não. Aí eu não entro!", gemiam as namoradas, empacando à porta do apartamento. Nós, sordidamente, usávamos argumentos que iam de Sartre e Simone até a revolução: "Mas, meu bem... deixa de ser 'alienada'... A sexualidade é um ato de liberdade contra a direita..." Tudo era ideológico em Ipanema - até a praia tinha um gosto de transgressão política.
Parafraseando sei lá que escritor, quem não viveu os dias anteriores a 64, não conheceu as delícias da ilusão.
Éramos assim nos anos 60. A guerra fria, o Terceiro Mundo, Cuba, China, tudo nos dava a sensação de que a "revolução" estava próxima. "Revolução" era uma varinha de condão, uma mudança radical em tudo, desde nossos "pintinhos" até a reorganização das relações de produção. Não fazíamos diferença entre desejo e possibilidade. Eu era do "Grupo Vertigem", como um colega mais racionalista nos apelidou. Nossa revolução era poética, uma mistura de Rimbaud com Guevara; tínhamos o sonho de uma beleza que daria fim à "zorra" brasileira que analisávamos com horror; era uma esperança de sentido, um tempo futuro em que a feia confusão da vida se harmonizaria numa perfeição estética - isso mesmo -, minha revolução era um anseio artístico. Para os mais obsessivos, era uma tarefa a cumprir, uma disciplina infernal, um calvário de sacrifícios para atingir não sabíamos bem o quê. Tínhamos os fins, mas não tínhamos os meios, como já disse Janine Ribeiro.
"Revolução" era uma vingança ampla contra traumas familiares, contra pai severo, humilhações, pequenos fracassos. Era também uma mão na roda para justificar nossa ignorância, pois não precisávamos estudar nada profundamente, por sermos "a favor" do bem e da justiça. Era uma maneira de adiar a vida adulta, uma eterna juventude, inspirada nos jovens lindos e barbudos que tomaram Cuba. Era o supremo ódio ao burguês, mas era também uma inveja da riqueza e um medo de assumir um poder de classe. Era generosidade e era egoísmo. A desgraça dos miseráveis nos doía como um problema existencial nosso, lembrando-nos da ameaçadora existência das tragédias da vida. Em nossa fome pela justiça, nem pensávamos nas dificuldades logísticas de qualquer revolução, nas tais "condições objetivas", na intendência, na organização; nada, o desejo bastava. Participávamos também da crença ocidental, desde Platão, de que os fragmentos do mundo são organizáveis numa harmonia possível, numa "solução" apaziguadora das diferenças. Não queríamos saber da crueldade irreversível da política e do irracionalismo que sempre nos regerá. Tínhamos, sobretudo, o medo da gratuidade da vida, ou seja, o medo da morte.
A democracia nos repugnava, com suas fragilidades, sua lentidão, sua obra sempre aberta, sua imperfeição igual à imperfeição da vida. Era difícil fazer uma revolução? Deixávamos esses "detalhes mixurucas" para os militantes tarefeiros, que considerávamos meio inferiores, uma espécie de "peões" de Lenin ou (mais absurdo ainda) delegávamos o dever de fazer a revolução ao presidente da República, na melhor tradição de dependência ao Estado. Jango, coitado, teria de orquestrar as forças delirantes feitas de restos de um getulismo tardio, oportunismo de pelegos e sonhos da juventude ignorante. Deu nos 20 anos de bode preto.
Por que escrevo estas coisas antigas, estimado leitor? Porque muita gente que está aí, gritando slogans, nem tinha nascido nesses tempos de Goulart, outros nunca quiseram ter memória, e muitos não entendem que a via mais revolucionária para o Brasil é justamente o que chamávamos de "democracia burguesa" com boquinha de nojo. Muita gente sem idade e sem memória não sabe que o caminho para o crescimento e justiça social é o progressivo aperfeiçoamento da democracia, minando aos poucos, com reformas, a tradição oligárquica e patrimonialista. Escrevo isto porque acho que toda a luta de hoje é entre a verdadeira esquerda que amadureceu e uma esquerda que quer continuar na ilusão. Escrevo porque vejo, assustado, que nas "pastorais da Igreja", e até na Academia, bispos e intelectuais têm uma fascinação secreta pelo caos, pois acham que, no fragor de uma catástrofe, haveria a revelação de uma "verdade".
Hoje entendo, com um certo orgulho, que, há 40 anos, naquele apartamento conjugado do Partidão com minha namorada, eu gostava mais dos girassóis loucos de Van Gogh do que dos livros de Plenkanov. Mas eu não sabia ainda da importância da democracia, do respeito ao impossível do mundo, da complexidade da luta política. Tanto não sabia que, para levar meu primeiro amor ao apartamento, eu usara uma esperta "cantada de esquerda". Lembro-me de lhe ter dito, entre beijos: "Nosso amor também é uma forma de luta contra o imperialismo norte-americano." E ela foi.

Antigamente, quando eu era pequenino.

Antigamente, quando eu era pequenino.
Antigamente, quando eu era pequenininho... - com essa frase mágica eu corto qualquer choro de meu filhinho, qualquer bagunça em curso e ele sobe em meu colo de olhos abertos, lágrima secando, para ouvir as estórias de meu passado. Por marketing paterno, eu descrevo o passado como um lugar meio escuro, ruim, sem nada, para ele valorizar os muitos brinquedos que tem, os homens-aranha, o Bat-Movel, o peixinho Nemo no aquário e as "gelecas" trêmulas no chão. É uma artimanha meio sacana, mas funciona; não só lhe dá um início de consciência de seu privilégio social, como valoriza o "bom papai" aqui. E ele adora investigar meu passado: Papai, antigamente não tinha vídeo? Não. Não tinha televisão? Não; tinha só rádio. Tinha He-Man? Não; tinha Super-Homem, mas só tinha no gibi. O que que é gibi? - ele pergunta. Revista de quadrinhos - respondo -, mas tinha Príncipe Submarino que hoje não tem mais, um super-herói que lutava debaixo d'água contra os polvos malvados e a lulas malditas e venenosas. E ele não morria afogado? Não, meu filho, porque ele era meio "peixe" também. E pescavam ele? É... Tinha uns homens malvados que queriam pescar ele, mas ele era craque. Tinha você, antigamente? Eu? É. Você, com seu papai e sua mamãe? Tinha... tinha eu... mas eu era pequenininho também... olha aqui no retrato.
Por que você está chorando no colo desse homem? Não sei; eu acho que era vocação ha! ha! Que que é vocação? É um negócio aí... Você tinha amigos, papai? Tinha. Tinha o Bertoldo, o Bertoldinho e o Cacasseno (personagens de um livro de estórias) e... o meu amigo Albertinho Fortuna... (não sei por que transformei esse cantor popular dos anos 50 num "amigo de infância"...                Sempre achei graça nesse nome: Albertinho Fortuna...).               E vocês caçavam o gambá gigante? Sim; a gente ia na floresta e ia cada um com um pau na mão e íamos até a caverna do gambá gigante, que ficava lá no alto do Corcovado. Lá onde tem o "Quisto Redentor"? Isso, filhinho, a gente ia subindo a pé porque antigamente não tinha o trenzinho e, quando chegava perto da casa do gambá gigante, a gente sentia o cheiro, argghhhh, era um cheiro horroroso e aí não adiantava nem bater nele, a gente gritava de fora, tapando o nariz: "Gambá gigante, sai daí!.. Sai, gambá!" Aí, quando o gambá saía, zangado, porque estava dormindo e ia atacar a gente, o Albertinho Fortuna pegava um vidro de perfume Coty e tacava nele e aí o gambá gigante ficava cheirozinho e ficava amigo da gente... E pronto... E aí, todo mundo ia dormir, feito você, agora...
E, enquanto meu filhinho começa a dormir, pensando no gambá cheiroso, eu vou pensando em sua pergunta profunda: "Pai, o que que tinha antigamente?" Bem - respondo para mim mesmo - antigamente, tinha eu, outro "eu", diferente deste casca-grossa de hoje... É... tinha eu... tinha nossa casinha de subúrbio, pequena, com quintal, galinha e mangueira e, fora de casa, tinha minha curta paisagem de menino: rua, poste, fogueira no capinzal, a luz do carbureto do pipoqueiro, a luz nas poças com a Lua tremendo na água, balões coloridos no céu, trêmulos de lanterninhas, balões-tangerina, balões-charuto. De dia, tinha o Sol que era meu, a chuva que era minha, tinha as nuvens que eram minhas, as nuvens-girafa, as nuvens-camelo, que eu contemplava deitado no chão de terra onde as formigas eram minhas também, os caramujos nas folhas eram meus, sua gosminha madrepérola era minha, tudo fazia parte de meu universo de subúrbio.
Uma vez, teve um grande eclipse, e eu fiquei olhando minha família olhando o Sol negro através de cacos de vidro escuros e, eu me lembro, tive a sensação dolorida de que a casa, papai de uniforme de capitão, minha irmãzinha chorando, a triste empregada com pano branco na cabeça, as árvores, as galinhas, tudo ia passar, e que nós íamos nos apagar também, como o Sol, tudo indo para longe, como os urubus, mais longe, quase no infinito, na bruma.                       Nas ruas, tinha uma luz mortiça nas janelas das casas, o som do rádio com as novelas deprimentes e o seriado do Capitão Atlas, tinha os namorados no portão, tinha os amores impossíveis, os suicídios com guaraná, as luas-de-mel fracassadas, tinha as lâmpadas de carbureto dos carrinhos de pipoca, os velhos discos de 78 rpm, os cantores com som precário, as primeiras TVs em preto-e-branco, as saudades do matão, o luar do sertão, tinha um Brasil mais micha, mais pobre, cambaio, troncho, mas bem mais brasileiro que hoje, em seu caminho da roça que o Golpe de 64 interrompeu, e que, agora, essa mania prostituída de "Primeiro Mundo global" matou a tapa.Hoje, esta pobreza é disfarçada pela falsa vertiginosidade de um progresso que nos submete como uma lei das forças produtivas.                                  É... - eu penso - antigamente, filho, tinha também uma coisa chamada "povo"; não o povo arrebentado, dividido, tonto de hoje. Era uma pobreza mais pobre, mas menos, como direi, menos clamorosa, menos trágica. Tinha uma nacionalidade ilusória, sim, com o povo apinhado nos bondes, iludido, mais burro que hoje, sem defesas, mas era um falso país em que acreditávamos. Isso era legal, apesar da ingenuidade de acharmos que bastava o grito das massas e a vontade de justiça para que um novo país se realizasse. Em 63, não sabíamos ainda que a democracia custava tanto, que teríamos de passar pelo inferno de 20 anos de ditadura, e tinha, sim, um "vazio" no Brasil, mas era um vazio que nos dava idéia de que algo ia ser construído ali naquele espaço, que ia surgir uma sociedade original, mesmo num futuro nevoento, cheio de urubus.E, aí, eu me pergunto, vendo meu filhinho dormir: Como fazer, meu filho, para restaurar aquela idéia de Brasil, sem fugir das regras duras deste tempo de vertigem global? Eu não sei. Nem ele - sonhando com o gambá gigante, sob a voz melodiosa de Albertinho Fortuna, cantando por cima do tempo.

Arena dos peões revive Torneios Medievais

Arena dos peões revive Torneios Medievais
Barretos é o templo maior do boiadeiro.
No Brasil há centenas de competições, mas nenhuma com sabor de Barretos. É o título nacional. O cinturão de ouro. O Oscar dos peões.
As Barracas, os pavilhões, as tendinhas, os balcões se acotovelam em volta do imenso estádio construído por Oscar Niemeyer.
Tudo formava um conjunto moderno, com a aridez desarmônica das organizações espontâneas do interior, uma quermesse com jeito medieval feita de tubos Rohr, Plásticos, Alto-falantes, cores objetos, fórmicas, carpetes, toda a parafernália de revestimentos sintéticos com que se vestem os ambientes hoje, da lanchonete ao escritório.
Mas este esqueleto pós-pós se enchia de uma sabor medieval. Estavam ali os elementos fixos dos torneios feudais: cavalos, bois, desafios, coragem, vassalagem, ostensiva oferta de comidas, campeões e peões (peão, palavra medieval, o peão, o que vai a pé nos exércitos feudais. Campeão, o que campeia, que corre e luta pelos campos, Lancelot foi um campeador, um campeão). Esgotar a festa do rodeio de Barretos, trancá-la numa unidade seria impossível.
Ela é uma grande nuvem de ruídos e cheiros e visões rápidas e vozes e trechos de falas e personagens sortidos e zurros de animais, desejos e corpos se roçando em labirintos e euforias juvenis chapéus e botas e quartos-de-boi esfolados ao lado de computadores e TV's, pernis de porcos girando em grelhas elétricas e mantas de couro e cordas e crina e cavalos amarrados em caminhonetes e cavaleiros eletrônicos para cima e para baixo em touros mecânicos o folclore informatizado folclore.
Tudo aspira a uma informalidade fragmentada que não forma sentido. os fragmentos do discurso boiadeiro, os reflexos do baile agropastoril se somam e nunca chegam a uma síntese. Identidade, conjunto, clareza são impossíveis aqui.
Como no Brasil, graças a Deus.

As caras dos políticos explicam nosso destino

As caras dos políticos explicam nosso destino
Podemos ler a história do Brasil na cara dos políticos. Meu Deus, como são feios nossos políticos, como são inatuais, de mau gosto, seus rostos e caretas mostram como será difícil modernizar esta terra. Darwin tem um livro chamado "A expressão das emoções no homem e nos animais". Ali estão catalogadas as expressões fisionômicas dos chimpanzés, dos cachorros e dos homens. São baseadas no "princípio de antítese", nome que Darwin criou, explicando, por exemplo, que um cachorro expressa amor ao dono por uma mutação corporal, facial e rabeal absolutamente negadora de qualquer agressividade, amolecendo as costas, abanando o rabo, babando-o na mão, etc. Mas Darwin não previu a cara dos políticos brasileiros.
O "princípio de antítese" dos nossos políticos, ao contrário, visa a esconder o que sentem, pela negação de seus reais motivos. Assim, o canalha ostenta bondade, o ladrão apregoa honradez, o assassino, delicadeza.
Era assim, mas até isso está mudando. Assistindo ao show de horrores da política recente, concluo que não só se perdeu a idéia de vergonha na cara, como ela foi substituída por um certo orgulho, um certo enlevo em ostentar a própria sordidez como um galardão. Antigamente, o canalha se escondia pelos cantos, roído de vergonha; hoje, ele apregoa, com uma tabuleta na testa: "Roubei, sim. E daí?!" A alma do negócio era o segredo. Hoje, espanta-nos a visibilidade dos estelionatos, conjugada à sublime ejaculação das mentiras.
Penso, claro, na fascinante fisionomia de Barbalho, que é um verdadeiro mapa da politicada do Pará, esse Barbalho sublime que nos seduz com suas sobrancelhas a la diable, com sua boquinha devoradora de tartarugas, cheques e TDA's, com sua resistência impávida diante das provas cabais de suas malfeitorias. Barbalho impressiona pela limpidez de seu cinismo, pela cara lavada, intocada pela dúvida e pelo sentimento de culpa. Olhando bem, veremos que suas bochechas são até banhadas por um tênue, mas impudente sorriso. É fascinante a confiança que esta gente tem na leniência da Justiça. Como eles navegam bem nos foros e nos arquivos, fazendo sumir processo como no caso do Banpará! É maravilhoso vê-los em "retidão", "pátria", enquanto as rãs coaxam no campo de concentração da mulher de Barbalho.
Sim, eu já fui fascinado pelo queixinho de Maluf, erguido a la Mussolini, capaz de falar em "honra" com a evidência de desvios nas obras superfaturadas, já fui hipnotizado pela tranqüilidade carismática de Quércia, cantando Carinhoso num programa de TV, enquanto ele quebrava o Banespa, aplaudido pela sua gang de sociólogos "progressistas", já sofri, no passado, com as carrancas da ditadura, quando surgiu o anão verde-oliva Castelo Branco, menor que o próprio quepe, depois com a car de bulldog de Costa e Silva, iluminado pelo sorriso deslumbrado de Yolanda, a Lady MacBeth brega que mandou baixar o AI-5, depois com a cara de Drácula de Garrastazu Médici, silencioso vampiro, sofri também com a visão das coxas e da barriga de Figueiredo, fazendo ginástica de sunguinha para a nação ver, num strip-tease populista. Depois, lembro-me com pavor do surgimento do único bonito (por fora), o Collor, eleito num clima "gay" que se apossou dos eleitores ("Ele é macho!" - diziam - "ele é lindo, comeu fulana, luta caratê..."), mas agora estou maravilhado diante do Gilberto Mestrinho. Chego a pensar que o Senado está nos sacaneando, acho que Renan Calheiros quis fazer um gesto revolucionário, nos horrorizando para conscientizar a nação da própria desgraça. Porque o Mestrinho no Conselho de Ética do Senado, arrastando um rabo sujo de processos e evidência de assaltos a cofres, com o sambódromo de Manaus superfaturado e desabando, me traz um sentimento de pesadelo cômico. Na cara de Mestrinho mora o impasse nacional. Mestrinho declarou em entrevista que nunca distribuiu uma moto-serra, que nunca desmatou, nunca matou jacaré, chegando ao inefável de dizer que não pinta o cabelo, ali na fotografia, com sua franjinha asa de graúna. Sua carinha maquilada, seu bigodinho lustroso, seus olhinhos vorazes lembram-me Akim Tamiroff em "A marca da maldade". Já vivíamos com a conformada aceitação da nossa desgraça, mas Mestrinho é a apoteose de nosso horror.
Outros políticos, com seu visual didático, já nos ensinaram muito sobre nosso destino. ACM, por exemplo, tem um rosto até bonito, com seu bigodinho branco e um passado de sensualidade. Seu corpo é que conta a história: lento, pesado, marchando como um orichá entre baianas e puxa-sacos, com um vago rebolado de poder que é (ou era) o símbolo puro do coronelismo secular.
Itamar Franco tem o carisma da vítima, um eco mineiro de Jânio Quadros, o caspento, o vesgo, o despenteado no poder. O povão excluído, humilhado, pode vir a se impressionar com seu rostinho de injustiçado, sua bobeira, sua caipirice populista. Itamar encarna a nostalgia de um povo pela própria ignorância, Itamar pode vir a ser a vingança contra os "intelectuais pernósticos" como FH, na mesma raia onde corre o rosto gordinho e infantil de Garotinho, que mal aparece no palácio para despachar e viaja aplaudido por milhões de pirados evangélicos. Santo Deus... é uma fartura de tipos: os olhos verdes de Requião, o charme epileptóide de Pedro Simon, a gordura truculenta de Eurico Miranda, a fria elegância yuppie de Luís Estevão, a alma gordurosa de Newtão, o teatro de Lalau, amparado por policiais, indo para casa comer pizza, todos, sem falar no inesquecível rosto pétreo de José Osmar Borges, o sócio de Barbalho, que, preso, algemado, no camburão, exalava tranqüilidade total, ignorando as câmeras, olhando para o lado, como se dissesse: "Vocês, a imprensa, vocês não existem..." E foi solto, como o grande Naya. Talvez não existamos mesmo...
Sinto que, ao apagar das luzes do governo FH - que, apesar dos pesares, trouxe-nos um charme francês, com sorrisos sociológicos e uma aristocrática tolerância com nossa breguice - estamos voltando para trás. Assanha-se o velho museu de cera da escrotidão nacional. Mestrinho e Jader são os vanguardeiros desta grande marcha à ré.

As coisas querem a guerra

As coisas querem a guerra
Ninguém quer a guerra. Nem a ONU, nem a Europa, ninguém. Nem é o Bush que quer a guerra, são as coisas. É a indústria bélica, é a lógica dos canhões, das bombas inteligentes.

Há uma máquina desejante nos USA querendo, melhor dizendo, precisando guerrear. O próprio Bush é filho dessa máquina que o elegeu, que o desejou, a máquina da indústria de armas, a máquina do tabaco, a maquina do aço. Essa máquina começa no antigo desejo de domínio que os americanos têm desde seu nascimento como país.

O mercado como guerra. É a mesma máquina que deseja o lucro total, o domínio econômico. Hoje as coisas mandam mais que os homens. Bush obedece as coisas. Provavelmente atacará perto do 11 de setembro. Mas não apenas como resposta ao ataque do Osama.

A máquina também precisa mostrar ao mundo todo seu poder imperial. A guerra não vai adiantar nada. Só vai unir o Oriente todo contra nós. O mundo entrou numa fase onde nenhuma palavra basta, nem razão, nada. Só a lógica das coisas. O desejo das coisas. E as coisas não falam, mas as coisas podem destruir o mundo.

As Forças Armadas têm de estar perto de nós

As Forças Armadas têm de estar perto de nós
Eu sou um pobre aspirante a oficial-da-reserva, de segunda classe, do Exército brasileiro, da heróica arma da Cavalaria. Apesar das agruras do serviço militar, não nego que, muita vez, vibrei com minha arma, como no dia em que cavalguei, com a lança embandeirada, na orgulhosa escolta do general-comandante Justino Alves Bastos, não tendo, infelizmente, desfilado depois na parada de 7 de Setembro pela maldade de um tenente que me fez montar a égua negra Epopéia, muito temida no regimento, pois empinava e se jogava para trás ("boleava") , tendo assim quebrado meu braço - eu, um desastrado e trêmulo calouro. Mas, lembro com emoção dos tambores e clarins, do passo firme dos batalhões, da sensação de unidade, de ser um soldado num mar verde-oliva, o que apaga a solidão e consola a alma.
Escrevo estas coisas remotas como réplica a uma carta do general Luiz Cesário da Silveira Filho, chefe do Centro de Comunicação Social do Exército, a propósito de meu artigo da semana passada, na qual ele me aponta como "denegridor" da boa imagem do Exército.
Ao contrário, general, considero o Exército uma das poucas instituições decentes do País e meu artigo, ao imaginar uma eventual participação militar na luta contra o tráfico, visava um pouco (confesso-o) a provocar nossos "milicos" e a suscitar respostas e explicações. E fico orgulhoso de poder, hoje, até questionar o Exército sem sentir medo. Sei das dificuldades da instituição num país semiquebrado por séculos de oligarquias e dependência, talvez até por ser filho de um brigadeiro-do-ar que morreu duro num apartamento de dois quartos em Copacabana.
Ademais, quem sou eu para criticar o Exército? No entanto, penso que talvez o Exército devesse ter mais contato com a opinião pública brasileira. Há uma curiosidade, que não é só minha, que se pergunta qual é o papel dos militares brasileiros no mundo da globalização e das mudanças no velho Estado-Nação, da democracia de massas e suas mazelas. Muita gente diz: "Tem de botar o Exército na rua contra o tráfico!" Outros: "Pra que serve o Exército?"
Fique claro que não acho que o Exército tem de "sair e botar para quebrar". Não sou o homem mais burro deste país (meus inimigos dirão: "Olha a modéstia..."); por isso, me pergunto: não seria oportuna uma atuação das Forças Armadas, em alto nível estratégico, coordenada com a experiência concreta e "suja" das polícias, de modo a romper essa cadeia de pó e armas, que começa lá fora, invade fronteiras, sobe favelas e acaba no nariz da burguesia?
Não podemos continuar considerando esses crimes apenas como um "desvio da norma" ou como um pecado diante do "Bem". O crime do tráfico e da miséria armada já tem outros nomes, já é uma "mutação social", já é uma forma de vida, um mercado de trabalho, um desafio aos poderes públicos. Esse neocrime não se combate mais com castigo e prisão; trata-se de uma Outra Sociedade, criada na lama e na fome, e só será vencido por uma conjunção de instrumentos que vão desde a repressão até o saneamento, que vão desde a guerra explícita até uma reeducação das comunidades periféricas.
O tráfico no Rio e em São Paulo não é só um problema de polícia, pois não nasce cocaína na favela nem lá se fabricam metralhadoras, como disse o Zuenir; tudo começa como uma invasão do território nacional. Por que as Forças Armadas não podem agir, em nível de Estado maior, da ESG, etc.?
Sabemos que, no Rio, grande parte do pó entra pela Baía de Guanabara. Por que a Marinha não pode policiar essas águas? Outro dia, li a entrevista muito lúcida de um brigadeiro que reclamava da ausência da "Lei do Abate" na Amazônia. Os jatos da Aeronáutica perseguem os aviões cheios de cocaína, dão ordem de descida, mas eles nem ligam, pois é proibido abatê-los. Os pilotos clandestinos chegam a fazer gestos obscenos para os militares e continuam seus vôos impunes, em direção aos "cafungueiros" do País.
Como leigo, pergunto se as Forças Armadas não devem se repensar em função das mudanças econômicas e políticas do País, se "enxugando", ficando mais eficazes, com melhores armas e homens bem pagos. Se alguma crítica posso fazer a imagem do Exército, é em relação a uma mentalidade meio "napoleônica", de "forças maiores", acima do cotidiano nacional, defendendo abstrações como "civismo", "renúncias", "anseios patrióticos". Hoje, o inimigo mudou e não podemos continuar a combatê-lo com formações do século19. Agora, o inimigo vem de dentro do atraso nacional, de dentro da tecnologia veloz, vem do fanatismo, da loucura, da miséria armada.
Acho que um dos erros de comunicação das Forças Armadas é um ocultamento diante da população. Por quê? Será que ficaram com complexo de culpa por terem cedido à tentação autoritária , há 30 anos? Isso já passou. O Exército não pode aparecer muito ou sumir muito, à espera de um "grande acontecimento" histórico. Não há mais "grandes acontecimentos". A guerra hoje é minimalista, tática, misturada à vida social, até invisível.
Os americanos amam seu Exército. Quantos filmes já fizeram louvando seus soldados? Por que ignoramos os nossos? Será que é só culpa de nosso ibérico e colonial medo do "poder"? Ou não haveria também da parte do Exército uma fobia, uma timidez em se assumir como importante instituição nacional?
Gostaria de ver o Serviço de Comunicação, prezado general, aparecendo "antes", nos informando e não reclamando de injustiças. O Exército é grande demais para isso e eu sou pequeno demais. Sou apenas um aspirante de segunda classe, mas minhas dúvidas são de brasileiro e patriota pois, como diz o nosso hino da Cavalaria, no evento de uma guerra contra a Pátria, quero que "o Sol, sem eflúvios, sem luz e sem calor, me encontre no solo a morrer, do que vivo sem te defender..."

As patrulhas ideológicas voltam a atacar

As patrulhas ideológicas voltam a atacar
Outro dia , a Dora Kramer, fina e cortante, percebeu que os manifestantes contra o governo só jogam pedras e ovos em cima de gente que teve um passado sério de lutas contra a ditadura e contra nossa injusta situação social.
É sintomático isso. Por que os manifestantes não apedrejam Maluf, ruralistas, os oligarcas, os corruptos e atacam justamente os ministros e governadores legitimados por um passado corretíssimo, como Covas, José Serra e Paulo Renato? A explicação talvez seja que os atiradores de pedra e seus mentores não estão contra os inimigos do povo, mas sim contra os que tentam modernizar essa luta, estão contra os que querem mudar estratégias, enfrentar novos impasses que o mundo atual apresenta.
Há um horror a qualquer tentativa de repensar caminhos, encontrar soluções possíveis, sem a paralisante busca da totalidade e da radicalidade, palavras sagradas dos antigos cânones revolucionários. Um bom exemplo: o programa Favela-Bairro, imaginoso e prático, um jeito de sanear as favelas cariocas, que é considerado, por alguns dirigentes do PT, como mero assistencialismo reformista só porque é o governo do Conde. É o velho papo: enquanto não se atacar as grandes causas, nada se fará e, como esse dia nunca chega, nada se faz. E essa impossibilidade é celebrada como heróica.
As patrulhas estão atacando de novo. Eu nunca vi um ódio tão espumante contra governos e prefeituras da situação como agora. Mesmo na ditadura, o ódio aos militares vinha com um sabor de gratidão masoquista aos milicos que legitimavam nossa condição de vítimas enobrecidas. A ditadura justificava a paranóia. Já o ódio a uma ideologia mais terceira via é um ódio contra aqueles que os privam de suas mais secretas perversões, contra aqueles que querem desconstruir velhos hábitos sectários.
É a raiva do fanático contra o herege. Já vi esse ódio contra Gilberto Freyre, já vi esse ódio contra Nelson Rodrigues, contra Glauber, até contra minha pobre figura. A verdade é que o objeto do ódio não é o Covas, o Serra ou o FHC; é a democracia.
As pedras e ovos voam contra a liberdade burguesa. Querem o fracasso do sistema democrático. Só acreditam em dissenso e se recusam a ver o óbvio: que nosso inferno maior é o entulho patrimonialista de 400 anos de um Estado paralítico. A esperança de melhoria das condições de vida pela democracia liberal os angustia. É necessário que nada dê certo para que se prove que só o dogmatismo funciona.
E mais: temem que um aumento de felicidade ou de conforto, mesmo que provisório, desmobilize o desespero das massas para uma convocação revolucionária que eles ainda acham possível no mundo. Como disse outro dia o Décio Pignatari, sempre inteligente: A burguesia internacional ganhou... Será que vocês não vêem isso?
Será que não se vê que o inimigo agora é outro, mutante, informático, veloz, sem cabeça, sem rosto, impalpável, sagaz e que não pode ser atacado por velhas armas e slogans que não rolaram? Coisa que dogmático mais odeia é complexidade, considerada frescura ou traição. Nunca vi esquerdistas tão pouco marxistas, que ignoram a mudança nas condições materiais de produção do mundo e do país e só apelam para os princípios, bóias de salvação moralistas e voluntaristas. Em vez de se dedicarem, como os melhores cérebros progressistas do mundo, a rever estratégias, ficam parecendo aqueles soldados japoneses que continuaram lutando a Segunda Guerra depois da vitória aliada.
O pior, o grave, o sinistro é que esse maniqueísmo ativo serve para qualquer bandeira ignorante, é uma negatividade portátil, que embala observadores ingênuos ou desatentos. Eles detêm uma espécie de selo de garantia para suas verdades, uma espécie de copyright do bem que não se pode questionar. Quem tem coragem de criticá-los, já que eles seriam os abnegados defensores do caminho justo? Intelectuais e formadores de opinião morrem de medo de serem chamados de reacionários, o supremo xingamento. Ficam quietinhos e se deixam banhar burramente por ridículas reduções e truísmos. Ninguém tem coragem de criticar os erros dos tais defensores dos explorados, pois são imediatamente chamados de defensores dos exploradores.
Esses atiradores de ovo parecem lutar contra o monstro da hora, chamado de globalização ou de neoliberalismo, mas, na verdade, acabam ajudando a manter vivo o Estado patrimonialista falido, secular produtor de nosso atraso. Como tem de ser contra as reformas da agenda do governo, essa esquerda não dá uma palavra contra os usineiros de Alagoas, por exemplo, ou outros sugadores subsidiados que estão por trás da falência do Estado.
Isso eles deixam para a imprensa burguesa atacar; eles pensam em coisas maiores, como o futuro, a totalidade e deixam a direita livre, leve e solta, pois, para eles, o inimigo principal é a heresia revisionista. Exatamente como na Alemanha pré-nazista, quando o inimigo era a social-democracia, o que permitiu a subida de Hitler.
O problema é que o tempo não pára, e as forças produtivas do mundo globalizado continuarão agindo sobre nossa resistência colonial. Esse movimento da produção é irreversível e inelutável e chegará pela democracia ou, pior, pelo autoritarismo. Se não vier por bem, ele virá como liberalismo selvagem, garantido por um novo fascismo caboclo, como foi em 1964.
E, aí, os stalinistas se sentirão de novo em casa, bem oprimidos e felizes... E a culpa nunca será deles, pois eles nunca têm culpa, são sempre vítimas -vítimas da ditadura, vítimas do neoliberalismo. Eles adoram uma opressão e, quanto mais são derrotados, mais aumenta sua fé. A derrota sacraliza sua incompetência e santifica sua inutilidade.

As Saradas

A política está tão repulsiva que vou falar de sexo.
Outro dia, a Adriane Galisteu deu uma entrevista dizendo que os homens não
querem namorar as mulheres que são símbolos sexuais. É isto mesmo. Quem ousa namorar a Feiticeira ou a Tiazinha? As mulheres não são mais para amar; nem para comer. São para "ver". Que nos prometem elas,com suas formas perfeitas por anabolizantes e silicones? Prometem-nos um prazer impossível, um orgasmo metafísico, para o qual os homens não estão preparados... As mulheres dançam frenéticas na TV, com bundas cada vez mais malhadas, com seios imensos, girando em cima de garrafas, enquanto os pênis-espectadores se sentem apavorados e murchos diante de tanta gostosura.
Os machos estão com medo das "mulheres-liqüidificador". O modelo da mulher de hoje, que nossas filhas almejam ser, é a prostituta transcendental, a mulher-robô, a "valentina", a "barbarela", a máquina-de-prazer sem alma,
turbinas de amor com um hiperatômico tesão.
Que parceiros estão sendo criados para estas pós-mulheres? Não os há. Os
"malhados", os turbinados" geralmente são bofes-gay, filhos do mesmo
narcisismo de mercado que as criou. Ou, então, reprodutores como o Szafir,
para o Robô-Xuxa.
A atual "revolução da vulgaridade", regada a pagode, parece "libertar" as
mulheres. Ilusão a toa. A "libertação da mulher" numa sociedade escravista
como a nossa deu nisso: super-objetos. Se pensando livres, mas aprisionadas
numa exterioridade corporal que apenas esconde pobres meninas famintas de amor e dinheiro. São escravas aparentemente alforriadas numa grande senzala sem grades. Mas, diante delas, o homem normal tem medo. Elas são areia demais para qualquer caminhão.
Por outro lado, o sistema que as criou enfraquece os homens que trabalham
mais e ganham menos, tem medo de perder o emprego, vivem nervosos e
fragilizados com seus pintinhos trêmulos, decadentes, a meia-bomba,
ejaculando precocemente, puxando sacos, lambendo botas,engolindo sapos, sem o antigo charme "jamesbondiano" dos anos 60. Não há mais o grande
"conquistador". Temos apenas os "fazendeiros de bundas" como o Huck,
enquanto a maioria virou uma multidão de voyeurs, babando por deusas
impossíveis. Ah, que saudades dos tempos das "bundinhas e peitinhos"
normais" e "disponíveis"...
Pois bem. Com certeza a televisão tem criado "sonhos de consumo"
descritostão bem pela língua ferrenha do Jabor. Mas ainda existem mulheres
de verdade. Mulheres que sabem valorizar o que tem "dentro de casa". E,
acima de tudo, mulheres com quem se possa discutir uma música do Paulinho
Moska ou de Ravel sem medo de parecer um "tio" ou "aquele cara metido a
intelectual". Mulheres que sabem valorizar uma simples atitude, rara nos
homens de hoje, como abrir a porta do carro para elas. Cartas (ou e- mails)
românticos. Escutar no som do carro aquela fitinha velha dos Carpenters ou o
Cd dos Carpenters (Kenny G já chega a ser meio breguinha... mas é bom !!),
namorar escutando estas musiquinhas tranquilas.
Penso que hoje, num encontro de um "Turbinado" com uma "Saradona" o papo deve ser do tipo "meu professor falou que posso disputar o Iron Man que vou ganhar fácil. Ah querido ... o meu personal Trainner disse que estou com os glúteos bem em forma e que nem vou precisar de plástica". Para bom
entendedor ... meia. E a música ?? Se não for o "último" "sucesso (????)"
dos Travessos ou Chama-Chuva ... é BONDE DO TIGRÃO mulheres do meu Brasil Varonil !!!
Não deixe que criem estereótipos !! Não comprem o cinto de modelar da
Feiticeira. A mulher brasileira é linda por natureza !! Silicone é para as
americanas que não possuem a felicidade de ter um corpo esculpido por Deus e bonito por natureza. E se os seus namorados pedirem para vocês ficarem igual a feiticeira, fiquem .. a Feiticeira dos seriados de Tv. Façam-os sumirem.

As torres de Nova York já estavam caindo em 1999

As torres de Nova York já estavam caindo em 1999
Não quero bancar o profetinha, apesar de a família N’Jaime Jabor ter sido fundada por um adivinho persa que andava de camisola suja pelo Vale do Bekaa, pregando inflamadamente para camelos e beduínos. No entanto, encontrei hoje um antigo texto que escrevi e publiquei quando ainda morava em N. York, em 4 de maio de 1999. Fiquei arrepiado com o artigo premonitório e aqui republico trechos, não para me louvar como “legalzinho”, mas para mostrar que o sucedido em 11 de setembro já andava rondando as nossas mentes malucas.
Senão, vejam:
“Existe um grande perigo no ar. Não é mais a ‘guerra fria’, mas a ausência dela. Eu olho aqui do 32 andar de um prédio em Nova York e tenho medo. A ilha de Manhattan parece flutuar para um desastre, coberta de agulhas góticas apontando o céu. Nova York é uma explosiva mistura de vitória e arrogância, com este progresso espantoso, este triunfo da razão e do engenho humanos. A América é a grande esperança da Humanidade ou o seu fim. As duas forças da vida e da morte estão ali embaixo, nas avenidas, ali entre os edifícios.
Mais além da Estátua da Liberdade, vem o ‘resto’ do mundo. Mais além, estão os ‘emergentes’, os pobres, a Europa unificada, a guerra nos Balcãs, mais além estão os rogue countries (os países ‘delinquentes’, como eles chamam os rebeldes). (...) A vitória técnica, econômica, democrática da América é absoluta, um orgulho para a história da Humanidade. Aqui estão todas as conquistas liberais do século XVII-XVIII, do iluminismo inglês que os founding fathers usaram de bandeira. Tudo que a obsessão mercantil, do trabalho, tudo que a religião da democracia podia criar, foi feito aqui. E, no entanto, este êxtase pode virar morte. Talvez o fim do mundo esteja nesta grande vitória.
Ali, do outro lado do rio, no horizonte, o século XXI começa a raiar. Ali, do outro lado do mar, ferve a inveja do mundo. Esta é a verdade inapelável: o mundo tem uma inveja devastadora dos EUA e, em contrapartida, os EUA têm uma indiferença brutal pelo mundo. Nosso futuro está nas mãos de um único mistério: conseguirá a América entender seu novo papel de líder solitário? Ela vai mudar? Terá a América a grandeza de se auto-analisar?
O preço que a América paga por este sucesso é não ter a mínima idéia do mundo em torno. Um grande narcisismo não elaborado poderá um dia deixar estas agulhas de Manhattan apontando para um céu morto.”
Depois, cito temores de intelectuais como Garry Wills e Huntington, apavorados no “Foreign Affairs”, diante da arrogância dos líderes americanos.
Como um dueto de rap, os dois gemem:
“A América tende a agir como se o mundo tivesse um só destino, tende a ignorar as diferenças de outros países. Ela se considera uma espécie de ‘imperialismo benigno’ e quer ‘ensinar’ aos outros a validez universal dos seus princípios. Madeleine Albright disse: ‘Nós somos a nação indispensável, somos superiores e vemos mais longe que as outras nações’. Larry Summers, o subsecretário do Tesouro, saiu-se com esta: ‘Nós somos a primeira superpotência não imperialista’. Cada vez mais, a América está sozinha no mundo, agindo cegamente, aplicando sanções contra países ‘desobedientes’, promovendo seus interesses corporativos sob o pretexto de difusão da ‘democracia’. A América sabota solenemente a ONU, molda o Banco Mundial e o FMI de acordo com seus interesses econômicos e transforma a Otan num elenco de apoio para seu protagonismo policial, ao mesmo tempo que vende armas para os ‘países membros’. A América se considera o ‘líder do mundo livre’, mas este titulo só é ouvido em discursos de funcionários dentro do país; lá fora, só se ouve falar de sua arrogância unilateral, seu imperialismo financeiro, seu colonialismo intelectual. Outro ponto perigoso da política exterior da América é que ela tende a achar que ‘agir sozinha’, sem alianças incômodas, é que seria uma verdadeira política independente. Ela chega à loucura de achar que as divergências mundiais com Washington seriam justamente o indício de que a América estaria certa.(...)
O presidente James Madison escreveu que ‘a América só poderia ser uma grande nação líder do mundo se ela pudesse se enxergar através dos olhos dos outros países’. Este ditame de um dos founding fathers ficou esquecido e enterrado”.
E aí vem a intuição que me legou o velho N’Jaime, num flash fulminante do que poderia acontecer:
“Uma vez, um amigo americano me perguntou, intrigado: ‘Why do they hate us?’ (‘Por que eles nos odeiam?’) — a propósito das bandeiras americanas queimadas pelo mundo afora. Respondi: ‘Pelo fato de vocês não saberem esta resposta...’. Esta pergunta tinha de ser feita ‘para dentro’, num autoquestionamento que, infelizmente, os vencedores nunca se fazem. A autocrítica é vista como recurso de fracassados. No entanto, os campeões mundiais de progresso, que vivem como atletas em busca da vitória, um dia vão ter de fazer esta auto-análise, numa espécie de ‘antropofagia’ ao avesso, tentando internalizar as diferenças do variado e incessante mundo exterior a eles. Se a América não entender a delicadeza de seu papel de líder no mundo, poderá ser o fim de tudo. Impérios acabam rápido. A URSS se derreteu em semanas.
Se a América não olhar para dentro, um dia veremos a nuvem dourada da guerra envolvendo as agulhas góticas dos edifícios de Manhattan. E este sonho genial de eternidade terá sido apenas o projeto das ruínas do grande império que acabou”.
Por isso, a partir de agora, de turbante e bola de cristal, estou atendendo em minha tenda mágica, em horário comercial, onde ponho cartas, jogo búzios e leio mãos. Sofrimentos de amor, paranóias, dúvidas políticas? Procurem o prof. Bin Jabor e encontrem finalmente a verdadeira felicidade.