Arena dos peões revive Torneios Medievais

Arena dos peões revive Torneios Medievais
Barretos é o templo maior do boiadeiro.
No Brasil há centenas de competições, mas nenhuma com sabor de Barretos. É o título nacional. O cinturão de ouro. O Oscar dos peões.
As Barracas, os pavilhões, as tendinhas, os balcões se acotovelam em volta do imenso estádio construído por Oscar Niemeyer.
Tudo formava um conjunto moderno, com a aridez desarmônica das organizações espontâneas do interior, uma quermesse com jeito medieval feita de tubos Rohr, Plásticos, Alto-falantes, cores objetos, fórmicas, carpetes, toda a parafernália de revestimentos sintéticos com que se vestem os ambientes hoje, da lanchonete ao escritório.
Mas este esqueleto pós-pós se enchia de uma sabor medieval. Estavam ali os elementos fixos dos torneios feudais: cavalos, bois, desafios, coragem, vassalagem, ostensiva oferta de comidas, campeões e peões (peão, palavra medieval, o peão, o que vai a pé nos exércitos feudais. Campeão, o que campeia, que corre e luta pelos campos, Lancelot foi um campeador, um campeão). Esgotar a festa do rodeio de Barretos, trancá-la numa unidade seria impossível.
Ela é uma grande nuvem de ruídos e cheiros e visões rápidas e vozes e trechos de falas e personagens sortidos e zurros de animais, desejos e corpos se roçando em labirintos e euforias juvenis chapéus e botas e quartos-de-boi esfolados ao lado de computadores e TV's, pernis de porcos girando em grelhas elétricas e mantas de couro e cordas e crina e cavalos amarrados em caminhonetes e cavaleiros eletrônicos para cima e para baixo em touros mecânicos o folclore informatizado folclore.
Tudo aspira a uma informalidade fragmentada que não forma sentido. os fragmentos do discurso boiadeiro, os reflexos do baile agropastoril se somam e nunca chegam a uma síntese. Identidade, conjunto, clareza são impossíveis aqui.
Como no Brasil, graças a Deus.

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